Este texto é dedicado à minha querida mãe, Dn Maria Ferreira Lopes
Queridos,
Que existem muitos adultos fixados na infância, Freud já explicou isto a muito tempo. Que permanecer na fixação é opcional, (quase) todo mundo já sabe (ou tem uma ideia) … E porque ainda existem muitos adultos tratando as suas mães como se elas ainda tivessem a obrigação de assisti-los?…
Vamos lembrar o seguinte: no processo de gestação, naturalmente, toda mãe tem seu organismo modificado: seus ombros são projetados para trás, e suas pernas ficam mais afastadas; as mamas aumentam em até três vezes o tamanho; normalmente surgem (ou aumentam o número de) estrias e varizes; o corpo fica inchado e ela passa a pesar algo em torno de 14kg a mais do que pesava antes… No momento do nascimento, ela sofre fortes contrações (as quais fariam qualquer marmanjo pedir arrego); tem os ossos da bacia dilatado (algo em torno de 9cm); e muitas vezes acontece até o rompimento do períneo. Isto quando ela não passa pela agressão de ter uma cisão em sua barriga para tirar o bebe via cesariana… Após o nascimento, ela dedica 100% de sua vida ao bebe: abraça, acalenta, da carinho, amamenta, perde noites, e mais noites, amamenta, e por ai vai… Quando a criança começa a andar, a mãe continuar dedicando 100% de sua vida: vigia para ela não por algo que não deva na boca; para ela não cair e se machucar; para não bater a cabecinha em algum móvel; para não pôr o dedinho em nenhuma tomada… Apesar de tudo isso, quando a criança diz a primeira palavra, geralmente ela diz “papa” (que é quem muitas vezes só aparece quando a criança chora)… Mesmo assim, “mamã” continua ali, rente, cuidadosa, dando o carinho e a alimentação que ela necessita.
Este, obviamente, é o período em que o ser humano mais precisa de cuidado e afeto. E naturalmente, toda mãe o faz muito bem.
Os anos se passam, a criança cresce, chega na puberdade, passa pela adolescência, juventude e chega na fase adulta.
[ Poderíamos abordar sobre cada fase do processo de existência humano, porém, isto iria alongar muito o texto. O que foi exposto até aqui, foi com o objetivo de pensarmos (ou lembrarmos) o que passou a maioria das mães; e nos situarmos no tempo em que o indivíduo mais precisa da atenção materna, ou seja, a infância. E assim, expor o que possivelmente ocorre com o adulto que age com sua mãe como quem ainda tem obrigações de assisti-lo. ]
Quando há fixação, mesmo que o indivíduo esteja na fase adulta, inconscientemente ele tenderá a olhar para a sua mãe com o olhar de uma criança, e desta forma, ele (o indivíduo) não medirá palavras e nem esforços para buscar em sua mãe soluções para as dificuldades que se depara na vida. Pensamentos e atitudes impositivas para com a mãe, como “ela dar (ou tem que dar)”; “ela faz (ou tem que fazer)”; “ela ouve (ou tem que ouvir)”, são pensamentos e atitudes típicas de quem está fixado na infância. A barganha e chantagem que se faz utilizando os filhos (netos) sem nenhum constrangimento ou auto percepção, também. Na verdade, nesses casos, o constrangimento fica por parte da avó em não conseguir dizer não.
Um homem e uma mulher que passou de forma sadia pelas fazes da vida, ou que superou a fixação na infância, compreende com gratidão que o tempo de cuidado por parte da mãe, já passou, e “hoje”, em sua fase adulta, procura retribuir da melhor forma possível. Quem não vive fixado na infância, imagina com gratidão quantas fraldas sua mãe lhe trocou, quantos banhos sua mãe já lhe deu, quantas vezes lhe levou ao médico ou perdeu noites preocupada com a sua saúde, quanto ela trabalhou para ajudar na sua alimentação e educação, quantas vezes ela pegou transporte público ou caminhou para lhe levar onde era preciso… Uma pessoa adulta que vive a sua fase plenamente, é gentil e cuidadosa, não procura a sua mãe apenas quando precisa. Jamais abandona a sua mãe, mesmo em tempos difíceis.
Jesus Cristo, sofreu a condenação mais injusta da história da humanidade. Porém, mesmo depois de ter sido traído por um de seus amigos (traição esta que abriu a porta para a sua morte), ter sido preso por causa de calunias e difamações, ter sido condenado injustamente, sofrer a vergonha de ser desnudado publicamente, ser torturado, ter seu corpo flagelado (com chicotes feitos de tiras de couro e instrumentos perfurantes (como lascas de osso de carneiro)), ter sido obrigado a subir um monte com uma pesada cruz de madeira sobre os ombros, ter seus pulsos e pés transpassados por pregos gigantes, estar em profunda agonia, beirando a morte por dores e asfixia; Ele toma um pouco de folego (imagino eu), fixa os olhos em sua mãe, e diz: “Mulher[Mãe], eis aí o teu filho” (Jo 19:26). Fixa os olhos em seu discípulo, e diz: “Eis aí tua mãe.” (Jo 19:27). Ou seja, mesmo em uma situação em que muitos teriam (no mínimo) entrado num estado de “dissociação” pelo tamanho stress vivenciado naquele momento, Jesus, como homem, continua assistindo a sua mãe. Ele não exclamou “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”(Lc 23:45) antes de resolver quem iria cuidar de sua querida mãe.
Que nesse dia possamos refletir que tipo de filhos nos tornamos, e se necessário for, possamos superar as nossas fixações e mudar o pensamento enquanto há tempo. Para que possamos viver dias melhores com quem merece o nosso melhor.
Que Deus abençoe a todos.
Feliz Dia das Mães!
6 comentários. Deixe novo
Muito interessante essa abordagem, vc teve um olhar ímpar. Parabéns.
Glória Deus!
Obrigado pelo comentário querida. Deus continue te abençoando.
A paz Prof. Erick!
Texto inspirador. E ainda nos confronta a como devamos ser filhos, a exemplo do Rei Jesus.
Paz, querido Volney!
É muito bom quando exercemos a capacidade de extrair da mensagem algo que nos torna melhor enquanto pessoas. Você sempre tem feito isto muito bem.
Deus continue te abençoando.
Um abraço.
Gostei parabéns !!
Obs: filho versos mãe? Ou
Mãe versos filhos! no intercuso do processo de contruçao do texto houve esse equívoco .
Querido Márcio, antes quero agradecer a sua interação. Percebi que não só a mensagem, mas também os comentários, tem servido para a edificação espiritual ou intelectual dos leitores.
Quanto a questão, vou sistematizar a mensagem para tentar deixar clara em sua mente. O texto se trata do seguinte:
1 – Existem filhos adultos que cobram favores de suas mães como se elas ainda tivessem a mesma responsabilidade com eles de quando eram crianças. Levam problemas para suas mães, e acabam acarretando o seu emocional.
2 – Isto ocorre quando o adulto não se percebe, por ter uma mente infantil. Não consegue resolver seus próprios problemas e acabam transferindo suas responsabilidades para seus pais (no caso, mãe).
3 – É preciso ter uma mente adulta, conforme a idade. “Deixar as coisas de menino” e agir como homem. Assumir suas responsabilidades e resolver seus próprios problemas. Permitir que a mãe viva em paz, proporcionando tudo que ela precisa para viver bem e tranquila.
4 – Jesus homem foi exemplo também neste momento, mesmo na agonia vivenciada, ele assistiu a sua mãe, não expondo diretamente a ela as suas queixas etc.
Os filhos precisam cuidar de seus pais, evitar anunciar a eles problemas, principalmente quando eles não poderem resolver. Mães (e pais) naturalmente amam seus filhos, geralmente, os problemas contados corroem a suas almas. Filhos, quando estão com suas mães (e pais), devem aproveitar o tempo para lhes proporcionarem alegrias, devem exercer a capacidade de provocar gargalhadas, viver momentos felizes. Devem viver o máximo de tempo de alegria com elas, e não o contrário.
O texto se trata basicamente disto.
Espero que tenha conseguido elucidar.
Um grande abraço.