Houve um tempo… quando não existia a internet, smartphones, e-mails e muito menos WhatsApp… Naquele tempo, geralmente, as famílias tiravam fotografias apenas uma vez por ano, mas cada uma delas era extremamente valorizada. Quando viajavam, raramente tiravam fotos, e quando tiravam era apenas para colocarem em determinado local da casa, para servir de lembrança… A comunicação entre as pessoas distantes era muito difícil, porém, cada palavra dita ou escrita era extremamente valorizada. Ouvir ou ler algo de um ente querido, era sempre motivo de grande emoção… Ah, como era bom receber uma carta escrita a mão, era um misto de sentimentos e emoções… Cada momento da vida era vivido intensamente, era como que nada mais existisse no mundo, além do que acontecia naquele momento. Talvez isso tenha motivado o surgimento da famosa frase “Carpe Diem”, pois as pessoas de fato estavam habituadas a viverem o momento… Pela pouca exposição pública, as pessoas eram mais autênticas, não viviam se preocupando em mostrar um estereótipo fantasioso de si mesmo, alimentando a ideia de que “é preciso sair bem na foto”, não se tirava e descartava fotografias a todo momento… Muito pelo contrário, cada clique era extremamente valorizado, e o seu resultado: as fotografias, só eram vistas após um longo processo chamado de “revelação”, que geralmente demorava alguns dias… As pessoas tinham mais tempo, pois não existiam as redes sociais para “rolarem” por horas… Talvez esse realmente seja o motivo de todos terem a sensação de que o tempo está passando mais rápido do que antes, pois o tempo gasto no mundo digital é incalculável…
Ah, tempo que não volta mais!.. Ah, momento que já passou…
Talvez fosse mais salutar se o tempo fosse aproveitado com a dedicado ao momento em si: a você e às pessoas que estavam ao seu redor… Talvez o tempo que se passou enquanto você escolhia a foto perfeita, poderia ter sido utilizado para você descobrir que a felicidade estava lá, naquele momento único, e portanto, especial em sua vida (e não nas possíveis curtidas que as suas “selfies” poderiam ter recebida)…
É… O passado nos ensina muito! Dentre tantas lições, nos faz enxergar quando corremos o risco de perdermos a nossa própria personalidade, o nosso foco de vida, o sentido das coisas… Uma personalidade abalada não vive o momento pela experiência própria, pela satisfação que ela proporciona em si, mas o vive apenas para conseguir “fotos perfeitas” para serem exibidas em redes sociais; o foco de vida é ofuscado quando o tempo que se tem para viver o momento, é gasto com um mundo ilusório, virtual; perdemos os sentidos das coisas, quando deixamos de extrair as boas sensações do momento em si, para vislumbrá-lo em possíveis curtidas ou comentários… Todo esse comportamento me parece irracional… Ninguém precisa disso para viver; talvez, ninguém precise disso para ser feliz!..
Por Erick Lopes da Silva
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