Nossa chegada em Moçambique foi marcada por um grande susto:
A primeira cidade que nos alojamos ao entrarmos em Moçambique, foi Matola (pois tínhamos questões relacionadas à igreja local que necessitava da presença do pr Roberto), onde ficamos por cinco dias. Visitamos primeiramente um missionário, onde ficariam hospedados dois de nós (somos cinco). Deixando os dois irmãos, fui com o pr Roberto e sua esposa (Miss. Celia) para a casa de um pastor (onde ficamos hospedados). Chegando na casa do pastor, buzinamos e chamamos para que eles viessem nos atender. Por demorar muito, a missionária (Celia) chamou – “vigia, tem gente aqui, abre para nós entrarmos!”. Nesse momento, vimos rastros de pessoas correr para um lado e para outro do portão de uma forma que achamos ser cachorros, e de repente, vimos algumas mãos de pessoas, como que iriam abrir e finalmente um homem abre o portão. Nós o cumprimentamos e entramos, sem saber do que estava acontecendo. Olho para traz e vejo o homem tentando fechar o portão que é muito pesado. Chegando mais a frente, vimos que o carro da missionária estava com as portas abertas, no relento, e ainda não entendíamos o que estava acontecendo. Estacionamos o carro, e chamamos a missionária, esposa do pastor anfitrião (que veio a chegar um dia depois). Chamando, não tivemos retorno. Estranhamos ela não ter nos atendido, pois percebemos que o motor do carro estava quente e comentamos que tinha pouco tempo de desligado. Enquanto a missionária Celia entra na casa chamando a anfitriã, eu comentava com o pr Roberto –“aqui parece ser tranqüilo, eles deixam as portas do carro aberta, esse terreno grande.”, o pr Roberto responde –“deve ser porque tem vigia…”. Nesse mesmo momento, a miss Celia sai da casa correndo desesperada dizendo “entrem no carro! Entra no carro Roberto! Entra no carro Erick!”, nós corremos e entramos no carro, ela disse –“liga o carro e sai daqui agora porque tem bandido na casa! As irmãs estão rendidas La dentro! E disseram para sairmos imediatamente!. O pr Roberto liga o carro e tenta sair da casa morosamente dizendo que os bandidos não iriam deixar nós sairmos. Mas pela graça de Deus conseguimos sair da casa e ligamos para o pastor anfitrião que ligou por reforços (durante todo esse tempo, ele não pode ir socorrer sua família por estar em outra cidade e não dava tempo chegar). Ficamos rondando a frente da casa, com receio de entrarmos para socorrer as irmãs (eram a esposa e a filha do pastor anfitrião e outra missionária) por entender que seria imprudência, pois os bandidos estavam armados. Chaga um parente por pedido do pastor anfitrião, contamos o que estava acontecendo e ele voltou imediatamente para procurar pela policia (que é escassa em Moçambique). Em quanto isso aguardávamos fora da casa, observando o movimento. Nesse período chega mais uma pessoa que veio a pedido do anfitrião, que acreditava não estar mais por lá os bandidos e nesse momento decidimos entrar na casa para socorrer as irmãs e a criança. Entramos e vimos que os bandidos não estavam mais por lá, porem, ao chegar mais pessoas, fizemos uma varredura pelo terreno (que é muito grande) e achamos objetos que foram deixados para traz durante a fuga dos bandidos.
Nessa noite praticamente não dormimos. Fiquei pensando no livramento que Deus nos deu. Pois no momento que entramos, os bandidos poderia nos render também, pois, eu e o Roberto ficamos fora conversando em quanto a irmã Celia entrou. Quando terminou tudo, vimos que no momento que estávamos conversando, algum dos bandidos nos observava, em quanto o que abriu o portão para nós, fugiu após abrir. Mas Deus nos deu esse grande livramento. Poderia ser nós, pois quase chegamos mais cedo (mas “demoramos” conversando com o missionário que visitamos quando chegamos na cidade). Lamentamos de qualquer forma ser os anfitriões, e mais ainda por existir uma criança entre elas, mas glorificamos a Deus por ter os guardado também.
Apesar dessa “receptividade moçambicana”, levantamos animados, e já iniciamos o nosso trabalho e não vamos descansar até o dia de nosso retorno. E retornaremos com o sentimento de “missão cumprida” para gloria de Deus.