Podemos perceber ao longo da história (a partir do século XVIII), o processo de formação do entendimento no que venha ser cidadania, baseando-se nas necessidades vivenciadas em cada época do processo de formação da política estatal. Quando falamos em necessidades, é importante entender que a mesma surge entre a classe dominante, a burguesia, que conforme a história, sempre buscou meios para manter o seu bem-estar.
A visão do que venha ser cidadania inicialmente, baseava-se nas instruções impostas pelo estado com o intuito de manter a população “treinada” para a manutenção e permanência dos bens “políticos”, que na época não passava de interesses individualistas desta classe (dominante) que por ter poder capital [e intelectual], era soberana e ditava todo o processo de ensino. Se para os menos favorecidos a “educação” da época era uma forma de garantir operários treinados para a manutenção da burguesia, a mesma (obviamente com outro formato e interesse) tinha o objetivo de perpetuar a burguesia no poder, mantendo suas gerações num certo padrão intelectual.
Com o passar do tempo, o surgimento de pessoas (que podemos definir: com bom senso) na história, o processo de educação foi-se mudando de formato. Primeiro com Martinho Lutero que propôs uma escola fundamental para todos (com ensinos ministrados pela igreja), e depois com os iluministas que propõe uma escola de cunho laico.
Podemos perceber que em cada final de processo histórico, onde se definia uma nova política (em borá sempre havendo interesses do estado), a população em geral conseguia dar um novo passo para um melhor formato de educação. Assim, a compreensão do povo em relação à cidadania, foi sendo aperfeiçoada pela sua própria visão e não a partir da visão ditatorial e opressora da classe dominante.
Hoje, mesmo ainda havendo uma grande diferença social entre uma classe dominante e uma classe de menos favorecidos, podemos entender que a educação tomou outro rumo. Se houve um tempo onde os menos favorecidos eram enganados com uma “educação” que mais servia para perpetuar a sua miséria, hoje a educação tem um papel fundamental para a libertação de qualquer indivíduo, pois com uma didática reflexiva, a educação é feita a partir de estudos sociológicos, que levam em conta a realidade social, cultural, financeira e familiar de cada pessoa; desta forma, é possível projetar a metodologia mais adequada para a realidade de cada grupo individualmente, e assim proporcionar um melhor aproveitamento do processo de ensino-aprendizagem; pois, ao contrario da época em que o conteúdo programático de um “curso” era pré-definido pela classe dominante com seus interesses explícitos nele, hoje seu conteúdo é projetado a partir da necessidade do povo, e isso lhes traz libertação, pois o seu conteúdo realmente lhes traz conhecimento. E como antes já disse Jesus, o Cristo: “Conheceres a verdade e a verdade vos libertará” (João 8:32).
Erick Silva