Resenha do filme “Antes de Partir”.
O Filme “Antes de Partir” nos mostra duas faces da sociedade: em uma (personagem vivido pelo ator Jack Nicholson) vemos o retrato daqueles que vivem sem se importar com as pessoas, se gloriam do que tem, e são imorais; na outra (personagem vivido pelo ator Morgan Freeman), vemos o retrato daqueles que se importam com os valores morais, com a família e com as pessoas em geral.
É muito interessante a forma que o autor do filme consegue unir essas duas faces, extraindo o que há de bom em cada uma delas, resultado no que podemos chamar de ideal. Pois, de um lado o personagem que aparentemente não se importa com os outros, se diverte mais e vive sua vida intensamente; do outro, o personagem que valoriza tudo que em geral a sociedade tem por correto e moral, ele deixa de fazer muitas coisas que gostaria, e de certa forma, vive apenas para manter um sistema hipócrita, e não a sua própria vida (seu bem estar), pois se observamos, nesse caso, a vida não é do individuo e sim, do sistema. É importante deixar claro que, dizendo isto não proponho nenhum tipo de anarquia, é apenas uma leitura do fato de que, se não todos, alguns muitos vivem travestidos com uma “capa” na sociedade, em nome de alguma classe social, ou instituição etc. Para deixar claro, exemplifico simplesmente o fato de inibir um sorriso em qualquer lugar, ou não andar de sandália de dedo pelo shopping por julgarem inapropriado etc.
Mas voltando a questão, é interessante que o autor uniu essas duas faces através de um fato que embora faça parte da vida de todo ser vivo leva todas as pessoas à reflexão e a buscar um novo significado para suas vidas, ou seja, a morte. Ao saberem que tinham pouco tempo de vida, os personagens procuram fazer em conjunto, não apenas tudo que nunca fizeram e tinham vontade de fazer, mas também as pazes com quem era necessário, ou seja valorizaram a suas próprias vidas e as vidas dos outros.
Infelizmente esta compreensão só veio a esses personagens no final das suas vidas. Mas, para nós, fica a lição do viver intensamente. E viver intensamente não é viver irresponsavelmente e sim, viver amando a si próprio (não apenas as pessoas) e ao próximo como a si mesmo (não apenas a si próprio). Que esta compreensão não venha nos nossos últimos dias como aconteceu com os personagens do filma, mas a partir do agora.
Erick Silva